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Praça Memorial Vladimir Herzog ganha muda de pitangueira

Ato rememora visita do prefeito de Hiroshima a São Paulo, em 2015, nos 70 anos da tragédia de Hiroshima e Nagasaki

Por Camilo Mota, edição de Thaís Manhães.

Edicleiton vive em situação de rua e trabalha como funcionário do sebo Macunaíma no centro da cidade. Frequenta a Praça Memorial Vladimir Herzog e participa dos eventos mensais “Todo mundo tem que falar e comer” que ali ocorrem todo último domingo de cada mês. Pois foi Edicleiton o responsável por plantar, ali na Praça, uma muda de pitangueira no domingo, 6 de agosto, como símbolo da paz e da amizade entre os povos.

O ato marcou os 78 anos da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos no Japão, na cidade de Hiroshima, em 1945. A ação simbólica, coordenada pelo jornalista Sergio Gomes, diretor da OBORÉ e conselheiro do Instituto Vladimir Herzog, contou com a presença de Soninha Francine, Secretária Municipal dos Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo. A ação remonta à visita do prefeito de Hiroshima Kazumi Matsui a São Paulo, em 27 de outubro de 2015, onde foi recebido pelo então presidente da Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), vereador Antonio Donato, hoje deputado estadual (PT).

Naquele ano, Matsui presenteou a cidade com uma muda de Gingko biloba, a árvore símbolo da vida por ter sobrevivido às bombas nucleares. Ela foi plantada na Praça e uma placa afixada próximo à muda firmava o compromisso pela paz entre as duas cidades. Entretanto, algum tempo depois, a muda foi arrancada e a placa depredada.


Com placa avariada e muda arrancada, foi preciso procurar uma reposição. Ginkgo biloba não é tão fácil de encontrar nos viveiros da cidade. A opção foi a para pitangueira, árvore frutífera nativa da mata atlântica brasileira. Foto: Sergio Gomes.


Edicleiton planta a muda de pitangueira. Edicleiton planta a muda de pitangueira para reafirmar o compromisso selado com os representantes da cidade japonesa na luta pela paz. Uma nova muda de Ginkgo biloba será plantada em breve. Foto: Sergio Gomes.A imagem de Dom Evaristo Arns esteve presente durante todo o ato. Foto: Sergio Gomes.

Para Sergio Gomes, o crime cometido pelos Estados Unidos no Japão marcou o futuro da humanidade.

“Até essa data, o fim do mundo poderia acontecer somente a partir de algo incontrolável, trombada de planetas, asteroide, mudanças do clima. A partir do lançamento da bomba, não. O futuro depende da luta pela paz”, afirmou.

A secretária de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo Soninha Francine apontou a importância da Praça Memorial Vladimir Herzog para a capital paulista.

“Trata-se de um lugar aberto na cidade, lugar de encontro sob o céu, para realizar atividades diversas em conjunto ou simplesmente estar sozinho. A Praça Vladimir Herzog também é tudo isso – é um lugar para lembrar de dores e perdas, enquanto celebramos a vida, a criação e a recriação”, afirmou Francine.

O ato contou com a presença de Oswaldo Colibri, Carlos Marx, Ivan Vilela, das jornalistas Karen Ramos e Natasha Meneguelli, e do núcleo organizador do Canal da Praça responsável pela comunicação e produção jornalística da Praça Memorial: Camilo Mota, Thaís Manhães e Danilo Zelic.

O ato de 6 de agosto de  2015

Há sete anos, uma comitiva de Hiroshima veio ao país a convite da Associação Cultural Hiroshima do Brasil para divulgar a Rede Mundial Para a Paz e visitou a CMSP, à época presidida por Antônio Donato (PT), hoje deputado estadual.

O presidente da Câmara Municipal de Hiroshima, Masanori Nagata, e o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsui, receberam Salva de Prata das mãos do então presidente da CMSP, Antonio Donato. A Salva de Prata é uma honraria oferecida a instituições, organizações sociais, fundações ou entidades, também como forma de destacar os serviços prestados para a cidade. Foto: Luiz França / CMSP.

À época, em entrevista à Rede Câmara São Paulo, Matsui disse que “São Paulo é um importante aliado nesta nossa missão de transmitir a mensagem da paz mundial como do desarmamento nuclear”.

“O Brasil é o país da América Latina que mais contribui com essa cultura de paz, por isso plantamos aqui o Ginko, para nós, a árvore da vida. E quanto mais ela crescer, maior será a paz entre nós, eu creio”, afirmou Masanori Nagata, presidente da Câmara Municipal de Hiroshima. Para os japoneses, a espécie Ginkgo biloba simboliza a vida por ser o único ser sobrevivente aos ataques nucleares em Hiroshima e em Nagasaki.

Assista a visita da comitiva de Hiroshima à Câmara Municipal de São Paulo. 

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